domingo, 3 de junho de 2012

A entrada do país na democracia deixou um gosto amargo para muitos egípcios, principalmente boa parte dos habitantes do Cairo. O resultado das eleições surpreendeu a todos e nenhum dos candidatos que eram considerados os mais fortes participarão do segundo turno.

Concorrerão na segunda rodada das eleições presidenciais os candidatos Mohamed Morsi, do partido da irmandade muçulmana e Ahmad Shafiq, considerado forte representante do governo Mubarak. Em terceiro lugar, e essa foi a maior surpresa, ficou Hamdeen Sabbahi, que seria uma figura mais próxima ao que chamamos de esquerda, mas ouvi de muitos egípcios que ele não tinha um programa claro de governo. De qualquer maneira, Sabbahi foi um dos candidatos mais votados no Cairo, mas mesmo assim não teve votos suficientes em todo o país para participar do segundo turno. Depois do anuncio oficial dos candidatos que passariam para a próxima rodada houve grande mobilização por parte da população para que Shafiq fosse desclassificado por ter feito parte do governo Mubarak. Para muitos essa seria a última esperança, pois sendo Shafiq desclassificado, Sabbahi concorreria no segundo turno. Tal parece distante de se tornar realidade e muitos sequer sabem se votarão novamente.

A situação é crítica realmente. Se Shafiq for eleito com certeza veremos novos protestos de força incalculável, a Irmandade Muçulmana também já prometeu que se mobilizará. Por outro lado, se Morsi vencer fica difícil saber o que será do país, pois a Irmandade tem sua própria agenda e, na minha opinião, já mostrou que não é digna de sequer uma gota de confiança. No fim das contas acho que Coptas e "liberais" compõe a parcela da população que mais "perderam" com o resultado do primeiro turno. Os "liberais" que são a parcela da população em geral contra um religioso no poder, mas que também não admitem um membro do governo anterior como presidente, ficaram sem ter em quem votar e os Coptas se sentem fortemente ameaçados pela possibilidade de terem que encarar um governo islâmico.

Paralelamente a isso, saiu sábado a sentença do julgamento de Mubarak. O resultado é que o ex presidente foi condenado a prisão perpétua (que no Egito é de 25 anos...pois é), mas muitos dos que executaram as ordens pelas quais ele foi condenado permanecem em liberdade, o que revolta a população e fez com que muita gente voltasse a praça Tahrir.   
      
Como resumiu um professor meu, nossa experiência aqui vivendo esse período histórico de transformação, sentido na pele o turbilhão de emoções que domina a população e as vezes sofrendo consequências desagradáveis, meio que levamos um "tapa da história" ou vários "tapas" rs.

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