Quinta-feira, calor e sol como sempre, nada melhor do que comprar passagens de ônibus e partir em direção ao Mar Vermelho! Seis horas de ônibus separam a capital Cairo da cidade litorânea Hurghada, mas quando se pega a estrada de dia e pela primeira vez o tempo passa voando pois há muito para se observar da janela.
Nada de viajar com galinhas e morrendo calor, como num filme B sobre viagens no oriente médio; o ônibus era confortável, com ar condicionado, banheiro e até lanchinho, isso porque compramos a segunda classe mais barata (que curiosamente se chama primeira classe rs) sem arrependimentos.
Ao sair da cidade, após um grande cemitério, o primeiro que vejo desde que cheguei aqui, experimentei uma sensação incrível ao me deparar pela primeira vez com um deserto, e posso dizer com certeza que a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que o deserto é a concretização da palavra NADA. Enquanto olhava para aquele monte de areia e pedra que se estendia até o horizonte de todos os lados, fiquei imaginando duas coisas por um bom tempo: primeiro, beduínos e seus camelos transitando por aquele ambiente inóspito (e foi a primeira vez q eu pude ter a dimensão do que essa palavra realmente significa) séculos atrás e todas as dificuldades que deviam enfrentar e, segundo, o que faríamos se o ônibus simplesmente quebrasse ali e tivéssemos que descer naquele mar de poeira...rs
Falando em mar, o momento mais bonito do trajeto é certamente quando aquele imenso nada seco, sólido e marrom se transforma em um nada líquido e de um azul impossível de descrever. É um momento de fato muito curioso porque a partir de um certo ponto da estrada pode-se ver ao longe uma faixa azul, que você adivinha se tratar do mar, e de repente parece que o deserto some e a estrada vira um caminho estreito entre o Mar Vermelho a esquerda e montanhas a direita. Passado uma placa onde se lê Suez Traffic, encontram-se vários resorts, a maioria em construção, e um enorme e incrível hotel construído de forma a meio que acompanhar as curvas das montanhas. Como se não bastassem as belezas naturais e arquitetônicas que nos distraiam durante a viagem, ainda fomos brindados com um grupo de golfinhos que nadava muito perto da praia.
Hurghada foi fundada no começo do séc XX e até alguns anos atrás não era mais do que um vilarejo de pescadores, mas hoje em dia conta até mesmo com um aeroporto. O turismo por lá é realmente intenso e, dentre outros, o que mais se encontra lá são turistas russos. Na verdade, visitantes russos são tão frequentes que há muitos letreiros de lojas e placas escritas em russo, o que é muito inusitado, na minha opinião.
Ficamos hospedadas no centro da cidade no apartamento de um amigo. Isso mesmo, nada de resorts chiquérrimos para nós, afinal somos meras estudantes, mas posso dizer que ficamos muito bem acomodadas e quase sem custos. Ir para a praia, no entanto, é outra história. A orla é totalmente ocupada por hotéis de forma que se é obrigado a passar por algum deles para entrar nas praias e por isso se tem de pagar um taxa de mais ou menos dez reais, mas pelo menos fica-se bem instalado pois a taxa dá direito a usar os guarda-sóis e espreguiçadeiras super confortáveis do respectivo hotel. A praia em que ficamos era um delícia, o mar azul, com águas calmas e transparentes e apesar de lá estarem mulheres completamente cobertas e de véu, não nos sentimos constrangidas por estarmos de biquini, já que a grande maioria das pessoas eram turista, a ponto de nos sentirmos praticamente em um balneário em alguma parte da Europa.
Enfim, foram dois dias muito bem aproveitados debaixo do sol, estendidas na areia, tomando banhos de mar....Mas como todo fim de semana acaba, sábado a noite estávamos de volta ao Cairo prontas e revitalizadas para o começo da semana ^^