terça-feira, 25 de outubro de 2011

Parque Al-azhar


Eu sei que faz um tempão que não escrevo, mas sabem como é, nova rotina, muitas aulas, a gramática da língua árabe acabando comigo.....e vamos indo.

Antes de falar sobre meu último final de semana, uma confissão: dentre todas as coisas que eu só encontrei  no Cairo, há uma em especial que me incomoda...não, não é a onipresente areia, não é a maneira louca como as pessoas dirigem, que fez com que eu quase fosse atropelada por uma moto ontem, nem os gatos super ariscos que dão a incomoda impressão que estão sempre te vigiando. Nada disso, o que mais me incomoda nessa cidade maluca são as chamadas para a oração. Não sei explicar bem, mas para mim toda vez que aquela voz grave, e nem sempre muito afinada, soa se destacando dos outros barulhos da cidade, meu sangue gela. Apesar de não entender quase nada, sei que o conteúdo do discurso traz mensagens bonitas, mas alguma coisa sobre uma voz grave vinda do alto me faz sentir que algo terrível está para acontecer. Pior ainda, há lugares em que se ouve o chamado de mais de uma mesquita, e pra mim essa miscelânea de vozes graves dá a impressão de que o fim do mundo está próximo...dá pra imaginar o juízo final sendo anunciado 5 vezes por dia, inclusive no meio da madrugada?! (Jaque me dizendo que eu preciso de terapia!) Não sei se vou me acostumar algum dia...rsrsrs

Enfim, o Cairo certamente é um lugar que pode te tirar do sério. Para fugir de toda essa agitação nada melhor do que um tranquilo parque e por isso, depois de uma semana especialmente puxada de estudos, resolvemos visitar o parque Al-azhar. Localizado no meio da parte antiga da cidade, o parque é um belo refúgio. Lá é possível desfrutar de silêncio e calmaria, ao mesmo tempo em que se pode observar a loucura cidade.  


Chegamos já era meio da tarde e fomos almoçar em um restaurante com vista para a Cidadela, o que fez com que nos sentíssemos verdadeira princesas enquanto desfrutávamos do delicioso churrasco de carneiro que pedimos. Sentadas ali, curtindo a vista maravilhosa e o por do sol, descobrimos que o sol do Cairo se põe duas vezes, primeiro atrás da nuvem de poeira e poluição e só mais tarde desaparece no horizonte...rs

Além de ser muito agradável e arborizado, o parque também tem várias fontes e um lago muito bonito. A dica é ir bem cedo e passar o dia todo por lá, quem sabe fazer um piquenique sem se preocupar com o horário pois o parque fica aberto até tarde e a cidade iluminada vista do alto também é um espetáculo que vale a pena conferir.


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Post express:
Hoje é feriado no Egito! Dia do exército...Há três dois atrás parece começaram as demonstrações militares.
Terça-feira, nós, de volta da escola, curtíamos nosso almoço tardio, quando de repente ouvimos um barulho muito alto de um avião, certamente não um avião comercial, passando mto próximo de nós. Nem deu tempo de pensar mto, já ouvimos outro passando. Meu pensamento foi: pronto estourou a terceira guerra mundial e eu aqui longe de todo mundo! Outro avião passou e fiquei esperando um barulho de bomba na sequencia, como naqueles filmes de guerra. Depois de sei lá quantos sobrevoos constatamos que não devia ser nada além de algum tipo de demonstração do exército, mas mesmo assim foi um momento daqueles que só no Egito!

terça-feira, 27 de setembro de 2011


Quinta-feira, calor e sol como sempre, nada melhor do que comprar passagens de ônibus e partir em direção ao Mar Vermelho! Seis horas de ônibus separam a capital Cairo da cidade litorânea Hurghada, mas quando se pega a estrada de dia e pela primeira vez o tempo passa voando pois há muito para se observar da janela.
Nada de viajar com galinhas e morrendo calor, como num filme B sobre viagens no oriente médio; o ônibus era confortável, com ar condicionado, banheiro e até lanchinho, isso porque compramos a segunda classe mais barata (que curiosamente se chama primeira classe rs) sem arrependimentos.

Ao sair da cidade, após um grande cemitério, o primeiro que vejo desde que cheguei aqui, experimentei uma sensação incrível ao me deparar pela primeira vez com um deserto, e posso dizer com certeza que a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que o deserto é a concretização da palavra NADA. Enquanto olhava para aquele monte de areia e pedra que se estendia até o horizonte de todos os lados, fiquei imaginando duas coisas por um bom tempo: primeiro, beduínos e seus camelos transitando por aquele ambiente inóspito (e foi a primeira vez q eu pude ter a dimensão do que essa palavra realmente significa) séculos atrás e todas as dificuldades que deviam enfrentar e, segundo, o que faríamos se o ônibus simplesmente quebrasse ali e tivéssemos que descer naquele mar de poeira...rs

Falando em mar, o momento mais bonito do trajeto é certamente quando aquele imenso nada seco, sólido e marrom se transforma em um nada líquido e de um azul impossível de descrever. É um momento de fato muito curioso porque a partir de um certo ponto da estrada pode-se ver ao longe uma faixa azul, que você adivinha se tratar do mar, e de repente parece que o deserto some e a estrada vira um caminho estreito entre o Mar Vermelho a esquerda e montanhas a direita. Passado uma placa onde se lê Suez Traffic,  encontram-se vários resorts, a maioria em construção,  e um enorme e  incrível hotel construído de forma a meio que acompanhar as curvas das montanhas. Como se não bastassem as belezas naturais e arquitetônicas que nos distraiam durante a viagem, ainda fomos brindados com um grupo de golfinhos que nadava muito perto da praia. 





Hurghada foi fundada no começo do séc XX e até alguns anos atrás não era mais do que um vilarejo de pescadores, mas hoje em dia conta até mesmo com um aeroporto. O turismo por lá é realmente intenso e, dentre outros, o que mais se encontra lá são turistas russos. Na verdade, visitantes russos são tão frequentes que há muitos letreiros de lojas e placas escritas em russo, o que é muito inusitado, na minha opinião.  

Ficamos hospedadas no centro da cidade no apartamento de um amigo. Isso mesmo, nada de resorts chiquérrimos para nós, afinal somos meras estudantes, mas posso dizer que ficamos muito bem acomodadas e quase sem custos. Ir para a praia, no entanto, é outra história. A orla é totalmente ocupada por hotéis de forma que se é obrigado a passar por algum deles para entrar nas praias e por isso se tem de pagar um taxa de mais ou menos dez reais, mas pelo menos fica-se bem instalado pois a taxa dá direito a usar os guarda-sóis e espreguiçadeiras super confortáveis do respectivo hotel. A praia em que ficamos era um delícia, o mar azul, com águas calmas e transparentes e apesar de lá estarem mulheres completamente cobertas e de véu, não nos sentimos constrangidas por estarmos de biquini, já que a grande maioria das pessoas eram turista, a ponto de nos sentirmos praticamente em um balneário em alguma parte da Europa.  

Enfim, foram dois dias muito bem aproveitados debaixo do sol, estendidas na areia, tomando banhos de mar....Mas como todo fim de semana acaba, sábado a noite estávamos de volta ao Cairo prontas e revitalizadas para o começo da semana ^^  

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Enfim começaram as nossas aulas! Estávamos ansiosas para a nova rotina, a nova escola, novos professores e colegas de classe. O primeiro dia foi na terça-feira e não podemos dizer que ele começou muito bem, não tínhamos qualquer informação sobre onde ir e o que fazer e acabamos perdendo o começo da palestra de abertura das aulas. Mas tudo bem, superamos. Em seguida foi a vez da prova escrita e da prova oral, nada muito difícil, mas que misturado com o nervosismo se tornou uma grande batalha entre cérebro e sistema nervoso. O segundo dia começa com a aula de Imprensa Televisiva e o grande pânico. Sabíamos que a escola era francesa, mas não achamos que íamos precisar tanto assim do francês. A aula foi ministrada metade em árabe e metade em francês e, claro, a grande maioria dos alunos são franceses e aqueles que não o são, sabem falar a língua. A nossa única vantagem é a grande proximidade entre o português e o francês, sendo assim, podemos entender o contexto da conversa. Passado o susto e depois de algumas aulas, podemos perceber que o curso será bem puxado e cansativo, mas como é bom voltar a estudar! E agora, mais do que nunca, a língua árabe penetra em nossa mente por todo e qualquer lugar que passamos, estamos há exatos 1 mês e 6 dias em Cairo e já percebemos a diferença que isso nos fez. É um aprendizado completo, de mente e corpo, e tudo em árabe! Mas, como ninguém é de ferro, essa semana demos uma escapada em plena quarta-feira para jogar conversa fora com os novos amigos, falar um pouco de português e um pouco de inglês. Mas, como realmente ninguém é de ferro, decidimos não fazer isso muitas vezes, afinal a noite cairota passa voando e no outro dia o nosso celular com certeza não se esquecerá de despertar!

sábado, 3 de setembro de 2011

                                             Estrela solitária sobre o Nilo (passeio de felucca)

Um mês no Egito! Como bem disse a Jaque,  passou rápido, mas ao mesmo tempo parece que estamos aqui há meses pelo tanto de coisas que já vivemos. Por vezes já relembramos o terror que foi a primeira noite sozinhas em um lugar completamente estranho e paramos para contemplar como nos sentimos diferente agora. Já nos movimentamos com facilidade dentro do nosso bairro e no centro da cidade, nos sentimos em casa  agora e isso é muito bom!
Essa última semana foi bastante agitada para nós. Domingo e segunda foram dias dedicados a renovação dos nossos vistos e, mais uma vez, tivemos que ir ao odiado Mugama.  Pelo que pude perceber, trata-se de um prédio onde se encontram vários setores burocráticos do governo e é simplesmente o prédio mais louco que eu já vi, nós detestamos esse lugar, principalmente porque depois de 5 vezes tentando conseguir um visto de estudante, não nos deram senão um visto de turista válido por 3 meses. Para se ter uma idéia da precariedade do lugar: o procedimento padrão é deixar o passaporte antes do meio-dia num guichê e voltar dentro de uma ou duas horas para buscá-lo. Até ai normal, no entanto, quando se volta para buscar o bendito passaporte não há senha e você só sabe que o seu está pronto pois uma funcionária de dentro do guichê grita a nacionalidade do documento que ficou pronto e você deve se aproximar para conferir se é o seu. Saudades do poupa tempo...hehehe
Mas como prova de que de situações desagradáveis podem sair consequências positivas, graças a moça que gritou "Brasil" com meu passaporte na mão, fui interpelada por um brasileiro que também ali estava.  É muito engraçado como estrangeiros se acham e se unem, a identificação vem muito rápido. De qualquer maneira, conhecemos muitos estrangeiros e nativos nos últimos dias e foi muito legal para nós, que só tínhamos visto a cidade com pessoas que quase não falavam inglês (o que sim, é legal pois somos forçadas a falar árabe), sermos conduzidas pela cidade por pessoas com quem realmente podíamos  conversar. Desde então nossos dias  tem passado bem mais rápido, com direito a passeio de felucca no Nilo.
Com certeza comemoramos muito bem o fim do Ramadã, mas por aqui nem tudo é festa durante o Eid el-ftr, o feriado que marca o fim do período de jejum. As pessoas saem em massa para as ruas afim de comemorar e, apesar de vermos muitas famílias fazendo inocentes piqueniques a beira do Nilo, o clima geral é de uma agitação sem regras e sem limites. A quantidade de homens nas ruas intimida e muitas mulheres até mesmo deixam de sair as ruas durante os dias mais agitados da festa. De fato, em uma ocasião em que esperávamos nosso amigo perto da praça Tahrir e em frente a um restaurante bem movimentado, um grupo de cerca de 7 garotos que aparentavam uns 12 anos de idade tentou nos cercar, entramos depressa no restaurante e felizmente nada mais grave aconteceu, no entanto a experiência serviu para nos mostrar que a sensação de que o assedio nas ruas aumentara era na verdade um fato. Dias depois nossa professora nos contou que o assédio durante o Eid é um problema grande e a causa disso ela atribui ao fato de que muitas pessoas das regiões mais pobres do Egito vem para o centro e ao verem mulheres não usando véu ou usando roupas diferentes acabam se comportando de maneira no mínimo inconveniente para nós mulheres....Mas morar num país diferente e conhecer uma nova cultura significa também lidar com os aspectos negativos, temos bastante consciência disso. Cairo é com certeza a cidade mais bonita e mais feia em que já estive e, como bem disseram nossos novos amigos, viver aqui é transitar entre o amor e o ódio o  tempo todo.
P.S.: Para as pessoas que me perguntaram: o nome de quem redige o texto vem ao final do post.

domingo, 28 de agosto de 2011

O Cairo é bege! Tudo por aqui tem aquela cor de areia, o que me parece muito apropriado. Provavelmente a segunda coisa que reparei é que todos os prédios parecem velhos e há de fato prédios que devem ser antiquíssimos, mas o curioso é perceber que até mesmo os prédios novos ainda em construção tem um estilo que remete  ao antigo. O gosto por "coisas velhas" não para por ai. Em volta de onde moramos há inúmeras lojas de antiguidade, o que para mim foi uma surpresa muita agradável e terei que tomar cuidado para não acabar voltando com um container para o Brasil! Além disso, a maior parte das lojas de móveis que vimos vendem mobília que parece antiga apesar de ser nova.
A cidade é sim inteira da mesma cor, mas isso não significa de modo algum que ela seja monótona do ponto de vista arquitetônico. Qualquer um andando distraidamente pela rua pode acabar tropeçando em prédios incríveis e que estimulam a imaginação. Foi o que aconteceu conosco quando durante um passeio de reconhecimento às margens do rio Nilo, nos deparamos com uma  construção gigantesca e muito bonita.

Gastamos vários minutos em frente dessa fortificação tentando imaginar o que ela seria e depois de uma pesquisa descobrimos que se trata de um palácio construído pelo príncipe Mohammed Ali Tewfik no começo do século 20 que hoje em dia se transformou em um museu o qual planejamos visitar logo logo. O nome é palácio Manyal e parece ser um destino um pouco ignorado pelos turistas, pelo menos pelos brasileiros, pois não há muita informação sobre ele em português.

Cairo é uma cidade tão surpreendente que nesse mesmo dia, continuando nossa caminhada ao longo do Nilo, encontramos um lugar onde quase que se pode esquecer a loucura dos carros e pessoas na rua. Na margem do Nilo oposta àquela onde fica o palácio Manyal se pode andar por um calçadão extremamente agradável onde árvores formam arcos sobre nossas cabeças e fazem com que quase esqueçamos o clima árido da região. Por lá há bancos nos quais se pode sentar para admirar a calma com que o Nilo corre, praticamente um oásis de tranquilidade no meio da cidade absolutamente frenética.

A vida noturna da cidade também tem aspectos que são curiosos para duas paulistas acostumadas a ter escuridão como sinônimo de assaltos e violência. Aqui as pessoas ficam nas ruas até bem de madrugada, boa parte do comércio permanece aberta mesmo após a meia-noite e ninguém parece se preocupar muito. Mas mais surpresas ficamos quando vimos os caixas automáticos que ficam na calçada mesmo! Não é como em São Paulo em que temos que entrar naquele quadrado de vidro, eles ficam direto na rua e isso parece não ser problema.

Fazer compras também é bastante diferente. O Cairo apesar de ser uma cidade enorme conserva alguns aspectos que, para a paulistana que sou, parece coisa de interior. Por exemplo, é pouco recomendável comprar frutas e legumes no supermercado pois nas ruas aqui e ali há barracas que tem tais produtos de uma qualidade melhor e mais frescos. Além disso, também há lojas que vendem frango e lojas que vendem carne. Não são como os açougues aos quais estamos acostumadas. A proposta é comprar os produtos realmente frescos e por isso na loja de frango, por exemplo, há frangos vivos que são mortos na hora para o consumidor. A preocupação com alimentos frescos por aqui parece grande e no supermercado há também grande oferta de alimentos orgânicos o que eu acho bem legal e me da a impressão (não comprovada cientificamente rs) de que estou comendo menos química junto com os alimentos que consumo. 
Enfim, certamente a cidade ainda nos reserva muitas surpresas pois apenas começamos a explorá-la, então aguardem.....   



sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Cena:
- Vamos para a praça Tahrir? (professora)
- Para quê? (eu)
- Para a revolução! (resposta obvia).
Minha cara de perplexidade contrasta com a expressão de animação da minha interlocutora, que participou dos momentos mais tensos da revolução. E lá fomos nós, meio sem saber o que esperar, para a famosa praça Tahrir. No caminho o movimento nas ruas parecia maior do que o normal e havia muito mais estrangeiros do que costumamos ver. Chegando na praça, a cena e o clima eram muito diferentes do que a palavra revolução poderia me fazer imaginar: palco montado, muitas pessoas lá em cima (crianças inclusive) e um moço com um violão e um microfone cantava musicas de um estilo bem pop (coisa que eu não tinha ouvido até então pois aqui se ouve muita musica árabe de um estilo que me parece mais tradicional), o primeiro comentário ante a cena por parte da Jaque foi: nossa parece a Bahia! rs . Na rua em frente ao palco uma multidão formada por homens, mulheres, crianças de colo, jovens, velhos, jornalistas, vendedores ambulantes, enfim, todo tipo de gente, seguravam bandeiras e acompanhavam em coro as musicas que, pelo pouco que eu pude entender, celebravam a revolução e relembravam os desejos populares ainda não atendidos. Tal multidão contrastava com o cordão humano ao fundo formado pela policia para impedir a entrada na praça em si (estávamos todos na rua).  Ao show de música pop se seguiu um de rap e por ultimo dervixes rodopiantes coloriram o palco, o clima era, em geral, de grande ecumenismo. Por falar em ecumenismo, ao final dos shows três curiosas figuras desfilaram juntas ao redor da praça. Depois fui informada que eram chefes islâmicos e cristãos demonstrando em conjunto o apoio às reivindicações da revolução.
Durante os shows o clima nacionalista era gritante, todos seguravam bandeiras, usavam pulseiras com as cores nacionais ou traziam pinturas no rosto ou nos braços, até mesmo a Jaque teve o braço pintado! (confira no facebook o video rs). Enfim, sem dúvida, para nós que nunca presenciamos mudanças radicais no nosso país, foi uma experiência muito enriquecedora e apesar de as agitações do começo do ano terem, num primeiro momento ameaçado nossa viagem, hoje nos sentimos até sortudas de podermos presenciar momentos tão bonitos como aquele na praça Tahrir. 

sábado, 13 de agosto de 2011

Depois de mais de um ano de planejamento, depois de superar a arrumação das malas, a depressão pré-viagem, as despedidas e umas 17 insuportáveis horas de voo, aterrissamos no Cairo na noite do dia 03/08/2011, uma quarta feira. Desde então já se passaram dez dias nos quais experimentamos emoções variadas. No primeiro momento em que ficamos sozinhas no nosso novo apartamento, um ano simplesmente pareceu um tempo insuportavelmente infinito e achamos que não iriamos conseguir passar mais de um dia por aqui. Para piorar a situação: não tínhamos internet nem TV. Mas nada como uma boa noite de sono depois de horas sem dormir para afastar o desânimo e já começamos nosso primeiro dia nos sentindo bem melhores.
Falando em TV e internet, 10 dias sem essas duas queridas foi uma experiência no mínimo interessante, apesar de muito irritante também. Percebi como o tempo voa quando sentamos na frente da televisão e agora não sei se valorizo mais todo o tempo, já que perdi muito dele assistindo programas idiotas na TV, ou se valorizo mais a TV por me ajudar a matar horas que as vezes parecem simplesmente não passar. De qualquer forma, o ponto alto de sentir falta de televisão é ter saudades até mesmo do Faustão! Quem diria....ainda bem que a partir de hoje voltamos a ser pessoas conectadas com o mundo, graças a Vodafone!
Enfim, no decorrer desses 10 dias já fizemos muitas coisas por aqui. Conhecemos o centro super borbulhante, enfrentamos o trânsito maluco, conhecemos o museu, aprendemos a comprar comida e até já tivemos aulas de árabe num café super VIP frequentado por artistas e jornalistas, além de experimentar comidas e conhecer pessoas é claro! 
Sim, há dias ruins, momentos ruins e é claro que sentimos falta de absolutamente tudo que deixamos para trás, mas no fim das contas só que podemos fazer é torcer e trabalhar para que nossa experiência continue valendo a pena e que faça valer cada dia de distância das coisas que mais amamos.