terça-feira, 10 de abril de 2012



Há muito tempo não escrevo, muito tempo mesmo, mas as vezes ficamos tão paralisados diante de acontecimentos  que nosso cérebro simplesmente congela e qualquer manifestação se torna impossível.

Não cabe aqui me aprofundar em ocorridos passados que pouco ou nada interessantes, digamos apenas que, assim como o Egito, fui arrebatada por uma revolução cujos rumos tive pouco sucesso em controlar. 
Digamos também que ambos (eu e o Egito) pouco sabemos do nosso futuro, mas nos agarramos às nossas certezas e desejos trabalhando pouco a pouco pela realização de nossos sonhos. No entanto, as vezes tudo o que resta é esperar o final de um ciclo necessário quando, por vezes, tudo parece estar perdido.

Tirando essas divagações, tenho um pedido a fazer: por favor não me perguntem muito nem esperem de mim uma análise da situação ou da revolução egípcia apenas porque eu cá estou. Estar perto dos acontecimentos ou mesmo em meio a eles não necessariamente quer dizer que você entenda exatamente o que está acontecendo e essa foi uma lição preciosa que eu aprendi. Num mundo onde a informação é acessível a grandes distâncias praticamente em tempo real, mas tão pouco confiável, fica difícil ter certeza do que acontece até mesmo debaixo da sua janela.  

Além disso,  não só devido a minha falta de conhecimento e experiência em assuntos políticos, mas em se tratando de Egito, onde desde há muito tudo tem lá seus significados ocultos, não tenho a audácia, ou mesmo a coragem de tirar muitas conclusões, pelo menos não por enquanto. Vimos sim muita coisa, passamos por outras tantas; sou capaz de compartilhar por exemplo que experimentamos diariamente a tensão que está no ar e que parece se intensificar a cada incidente, a cada ação da SCAF ou do exército e com a proximidade das eleições presidenciais. Nas ruas, mais e mais comentários sobre ações da Baltagya, uma espécie de força oculta que, de acordo com os interesses do governo ou sabe-se lá interesses de quem, é responsável por causar confusões com o objetivo de desqualificar a revolução. Bem, pelo menos é isso o que se diz...

Nesse jogo de poderes de proporções mundiais interesses se misturam. Irmandade muçulmana, Salafistas, o exército, os liberais, cristãos, muçulmanos, a Baltagya...é, não é fácil. Como se eleições já não fosse naturalmente complicadas, o grande número de candidatos e falta de conhecimento das várias agendas por parte da população não ajudam nada. Enfim, o que resta é esperar e em Maio inshalá testemunhar mais um capítulo histórico da revolução.  

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